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sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Ei moacir!!!


                  A gente passa por cada uma nessa vida,
era segunda-feira eu estava indo para o trabalho quando algo inusitado aconteceu no meu trajeto, eu sempre fazia o mesmo caminho, não sei o que me deu!
                Como todo brasileiro eu acordei uma hora mais cedo, acabou o horário de verão e eu nem notei, minha mulher também, ela ficou na cama dormindo, não gosto de acordá-la, assim preparei o café e nem me despedi de meus dois filhos. Parece que quando a gente assiste muito programa com reportagem policial a coisa fica esquisita, tudo fica com cara de crime e o cemitério é o local onde tudo acaba.
                Vocês devem estar mortos de curiosidade pra saber o que aconteceu, não é? Pois bem, vou contar o ocorrido. O meu ponto de onibus fica em frente ao cemitério, quando percebi que estava adiantado, fui até uma das portas do velório e começei a assistir a cerimônia regada a lágrimas de um indivíduo que eu nem conhecia. De repente um cidadão corpulento me pegou e levantou pelo colarinho, senti que estava morrendo enforcado, o nome dele era “Jamanta”. Aos berros ele falou:
                - Moacir, você tem coragem de vir no enterro do Sandoval? Seu peste, vou acabar com você na porrada!
                Nesse momento juro que fiquei apavorado, logo outro cidadão distinto começou a me dar um tratamento vip, ele pegou no meu cabelo e suspendeu, minha sorte é ser careca. Esse relativo defeito me salvou na hora da morte. A minha morte, não a do defunto.
                Uma tal de Onofrina, isso é nome de gente? É sim, e gente fina demais, ela disse:
                - Gente, esse homem não é o Moacir, O Moacir não era careca!
                - Obrigado dona – agradeci – A senhora me salvou, eu sou o Guilherme vieira, esposo da Marly e pai do Matheus e da Flora.
                - Não precisa falar nada não.
                Nesse momento eu já tinha posto a peruca e a mulher do presunto me agarrou e disse:
                - Moacir seu cachorro, agora ninguém nos separa mais!
                Enquanto todo o rolo era desfeito a mulher estava numa sala e não tinha visto nada, eu disse pra ela que era engano, mas a infeliz me agarrava sem parar, quando consegui me soltar, uma mulher fofoqueira, minha vizinha viu a cena, ai tudo foi por água abaixo. Quem acreditaria numa história destas?
                Tive que tirar a peruca de novo e tudo parecia estar esclarecido. Saí daquele velório o mais rápido possível e segui para o meu trabalho. No ônibus um senhor bateu nas minhas costas e exclamou:
                - Moacir, seu cachorrão!
                - Eu não sou o mooaaaaacirrrrr! – Gritei! – eu sou careca, caramba!!!!
                Trabalhei o dia todo contrariado. Minha mulher não sabe o porquê de eu não tomar mais ônibus no ponto em frente ao cemitério, esse é um segredo de morte. A vizinha que viu tudo se mudou semana passada, ela foi para o nordeste.
                Um dia a Marly soube de tudo, eu não deveria ter contado nada, de vez em quando ela me chama de Moacir.

Haroldo Ribeiro
imagem: suza.com

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