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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Primeira aula


 Um professor entra em classe em sua primeira experiência numa escola pública, um fato fará reconsiderar suas convicções, a vida trará surpresas e uma chance de ouro virá às suas mãos... Confira mais esta história de Haroldo Ribeiro

Para Rafael a chance de começar a trabalhar como professor numa escola pública era algo bom demais, esta seria a coroação de quatro ano de estudo nas ciências matemáticas, desde pequeno ele era a alegria da família, estudioso, compenetrado, gente que sabia muito bem onde queria chegar. O grande dia chegou, ele havia feito sua inscrição e naquele dia chegara a escola com todas as forças do mundo para ministrar suas aulas, no estado de São Paulo existe uma classe de professores que ninguém defende, uma espécie de patinho feio da educação, eles substituem outros profissionais que faltam a cada vez mais ao trabalho.
Antes de ir para a sala de aula no período noturno Rafael viu-se dentro da sala com outros profissionais mais antigos na área, todos tinham um só discurso, aposentadoria já para os mais velhos, falta de ânimo e desinteresse dos mais novos. O jovem professor pensou que poderia mudar este quadro, quem sabe uma aula mais vibrante? A hora tão esperada chegou e ele encaminhou-se para uma classe do primeiro ano do ensino médio.
A recepção não poderia ser pior, perguntaram quem ele estava substituindo, se iriam sair mais cedo, pediram-lhe para não escrever nada. Ele fez a chamada e começou a rever noções básicas de adição e subtração para ver o nível da sala, para sua surpresa ninguém escreveu nada e todos pareciam nem notar a sua presença, um dos alunos aumentou o som de seu celular, outro começou a fazer uma dança sensual, quase obscena, as alunas gritavam e começaram a acompanhar o funk que rolava solto, uma verdadeira balada.
Não aguentando mais Rafael resolveu dar um basta em tudo aquilo, um dos alunos disse que ele não era pai de nenhum deles, o professor nervoso retrucou:
- É por isso que as coisa não andam, vocês não tem respeito por ninguém, existe uma lei no estado que ninguém deve usar celular na classe e todos vocês usam, não prestam atenção em nada e se acham os donos da classe. - Até aquele momento Rafael pensava que um professor tivesse realmente domínio e respeito em sala de aula, mas o que vira na sala dizia o contrário.
Ao fim da primeira discussão o professor já começando a ver seu palácio de sonhos desmoronando resolveu apertar ainda mais, não permitiu que ninguém ouvisse seus aparelhos, um dos alunos Michel Nunes foi pra cima dele e tomou seu aparelho das mãos do ensinador, como não queria deixar o aparelho nas mãos do professor ele deu um soco na face do jovem mestre, embora o ferimento na superfície do rosto não fosse tão contundente foi n alma de Rafael que a dor foi maior, ele desistiu da profissão alí, naquele momento, não foi mais às aulas, não sequer cogitou a possibilidade de continuar na carreira saiu da sala contendo sua dor, seguiu para a secretaria onde ouviu condolências que aos seus ouvidos soavam como: Meus pêsames.
O aluno foi advertido, não entrou na classe até que seu pai viesse, quando enfim sua mãe compareceu, cinco dias depois da convocação suas palavras diziam bem o pensamento dela em relação ao filho:
- Ele é igualzinho o pai, não houve ninguém, maltrata todo mundo é um jegue, esse menino, só vim aqui por que minha mãe pediu, senão não dava as caras. A mulher que mascava um chicletes assinou o papel enquanto seu filho parecia estar em outro mundo.
O mundo, que dá muitas voltas, deu uma dessas pequenas e três anos após o fato deprimente Rafael, agora longe do mundo desmoronado do ensino público, conseguiu uma vaga na empresa Gmonics, uma terceirzada da Petrobrás, ninguém entrava ou saia da empresa sem sua autorização. Numa Quinta-feira um rosto conhecido surgiu nos corredores do grande escritório no centro de Santos:
- Eu queria falar com o seu Rafael!
- Sou eu - Quando viu quem estava a sua frente o rapaz tentou sair o mais rápido que podia daquele lugar, mas Rafael pediu para que ele voltasse, o Rapaz era Michel, o que noutro tempo o fizera desistir das salas de aula.
-Traga seus documentos amanhã e comece semana que vem.
Ao chegar em casa, a mãe de Mino colo de seu mais novo namorado perguntou:
- E aí trabalhador, quando começa?
Ele respondeu - Segunda-feira - Nada mais disse
O temor de ser perseguido foi abandonando o jovem rapaz, mas ele não entendia o pòrque de não ter sido humilhado na entrevista em seu novo emprego.
Um dia Michel passou em frente a uma igreja e viu Rafael conversando  com seu pastor animadamente, ele não precisava de vingança, ensinava as pessoas com o melhor dos livros; a própria vida.

                                                                  Haroldo Ribeiro

Um comentário:

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